domingo, 2 de novembro de 2008

Lixo espacial pode re-entrar na atmosfera nesta segunda-feira

Um reservatório de amônia de mais de 630 quilos de peso, que foi literalmente "jogado fora", em pleno espaço, pelos astronautas da Estação Espacial Internacional, ISS, deverá re-entrar na atmosfera terrestre nesta segunda-feira. O tanque foi descartado em julho de 2007 durante um trabalho rotineiro de manutenção.

 

O equipamento, chamado de EAS (Early Ammonia Servicer ou Servidor Primário de Amônia) foi instalado na ISS em 2001 e servia como reservatório para o sistema de refrigeração interno e para ganhar espaço dentro da ISS os astronautas resolveram descartar o container, do tamanho de dois refrigeradores grandes.
Desde que foi descartado, a órbita do EAS está decaindo e se as previsões de decaimento estiverem corretas o módulo deverá se desintegrar na alta atmosfera nas primeiras horas de segunda-feira. Como em todas as re-entradas não previstas, a margem de erro do momento do evento pode variar em até 15 horas, o que significa que é muito difícil prever onde a onde a bola de fogo poderá ser vista. Devido ao ângulo de inclinação de 51 graus, quase todas as áreas habitadas estão na rota do lixo espacial, excetuando-se as regiões polares, norte da Rússia e norte do Canadá.
Atualmente o EAS está a 164 km de altitude e poderá ser visto neste domingo sobre a Região Centro-Oeste do Brasil por volta das 19h51 (Horário de Verão). 
Você pode seguir a órbita do lixo espacial acessando nossa página de rastreio de satélites:

Clique e acompanhe o EAS

Re-entrada e queima
Naves que re-entram sem controle na atmosfera, normalmente se rompem entre 72 e 84 quilômetros de altitude devido à temperatura e forças aerodinâmicas que agem sobre a estrutura.
A altitude nominal do rompimento é de 78 km, mas satélites de grande porte que têm estruturas maiores e mais densas conseguem sobreviver por mais tempo e se rompem em altitudes mais baixas. Painéis solares são destruídos bem antes, quando os satélites ainda estão entre 90 e 95 km.


Uma vez que a espaçonave ou seu corpo principal se rompem, diversos componentes e fragmentos continuam a perder altura e se aquecer, até que se desintegram ou atingem a superfície. Muitos dos componentes são feitos em alumínio, que se derretem facilmente. Como resultado, essas peças e desintegram quando a nave ainda está em grandes altitudes. Por outro lado, se um componente é feito com material muito resistente, que necessita de altas temperaturas para atingir o derretimento, pode resistir por mais tempo e até mesmo sobreviver à re-entrada. Entre esses materiais se encontram o titânio, aço-carbono, aço-inox e berilo, comumente usados na construção de satélites.
O interessante é que ao mesmo tempo em que são resistentes às altas temperaturas, esses materiais também são muito leves (por exemplo, chapas de tungstênio) e como resultado a energia cinética no momento do impacto é tão baixa que raramente provoca danos de grande porte. O problema começa com a composição química residual, que dependendo do componente que sobreviveu à re-entrada, pode conter material extremamente tóxico, como a hidrazina, utilizado como combustível ou até mesmo material radioativo, usado na geração de energia elétrica.


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